segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Lembrança

Hoje de manhã ao acordar vieram-me as lágrimas aos olhos, ao olhar atentamente para o meu urso de lacinho amarelo.

Já se passaram 9 anos desde o dia :

Num bonito dia de Verão, estava toda contente a passar o dia em casa de uma amiga. Brincámos com Polly, jogámos "raquetas" (sim, porque mais vezes deixávamos escapar a raqueta que acertávamos na bola), pintámos com pedras no chão...

A minha mãe chegou e eu arrumei o meu nenuco porque sabia que eram horas de voltar a casa. As mães estiveram a falar durante uns minutos e depois vieram nos dizer: "A ana hoje fica cá connosco, vai jantar e também fica cá a dormir".

Que felicidade! Eu estava tão contente por poder ficar, brincar mais tempo e dormir com ela, só precisava mesmo da minha chupeta e da minha fralda, mas isso não foi problema porque a minha mãe trouxe. De manhã, a minha mãe não me veio buscar e então eu também almocei lá.

Depois de ter comido o meu lanche, por volta das cinco e meia da tarde, ela chegou.

Levou-me para casa e quando lá chegámos, eu perguntei: "Mamã, posso dormir outra vez na casa da helena?"

Ela negou-me o pedido e eu estava chateada, mas depois ela chamou-me e disse que tinha uma coisa para me dizer.

"Meu amor, o avô Zé morreu"


Com aquela idade, haviam certas coisas que eu ainda não conseguia entender, mas essa bateu bem no fundo. Não que conseguisse, realmente, perceber bem o que acontecia.

Mas uma coisa eu sabia, não o voltaria a ver nunca mais. A minha raiva agora, tinha-se tornado em tristeza.


O meu avô, o meu querido avô. Passava a maior parte das férias de Verão com ele, enquanto os meus pais iam trabalhar. Enquanto ele dormia deitado no sofá, eu deitava-me no chão mesmo ao seu lado para poder estar com ele quando acordasse. Ele compreendia-me e ensinava-me coisas. Lembro-me de dois episódios, como se fosse ontem. Ia a brincar com dois ovos acabados de ir buscar à capoeira e ele avisou-me para ter cuidado, mas eu não tive e aconteceu o inevitável. Os ovos esborrachados no meio da calçada de paralelos Outro em que o meu pai e ele estavam aflitos À procura de um dos selos da carrinha que eu tinha tirado. Quando descobriram ficaram fulos comigo. Agora dá vontade de rir ao pensar em tudo aquilo.


Corri para o jardim, a chorar, o que mais poderia eu fazer? As lágrimas começaram a escorrer pelas minhas faces e passado um pouco, tinham-se tornado numa melodia melancólia, não só de tristeza mas também, inconscientemente, de desespero.

Pensei que tinha tudo acabo ali, mas pequenina como era, os meus pensamentos estavam errados porque apesar da morte nos ter separado:


- Eu adoro-o e podemos fazer com que dure para sempre porque temos uma ligação,

o meu ancião :')

3 comentários:

  1. +.+ Oh Adorei,tá bué lindo.
    InÊs Nunes

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  2. Não consegui deixar de ler isto e não ficar com os olhos húmidos.

    Concordo com a Inês, está lindo :)

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  3. - não consigo comentar, apenas porque não acho as palavras certas para o fazer $: passei pelo mesmo e sei o quanto dói, talvez tenho sentido mais porque já era um pouco mais crescida, mas dói, sempre :'c
    - ainda olho, todos os dias que venho da escola, para a minha varanda para ver se ele regressou para beber o tal copinho de vinho que costumava vir tomar a minha casa todos os dias de tarde $: eu servia-lho num copo pequeno, pois a minha mãe dizia que ele não podia berber muito s: e por vezes comia uma filhó ou um pão com queijo, que ele tanto adorava $: i miss him :'c

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